26 de março de 2014

a difícil do dia



eagleton está dizendo que as qualidades de caráter, em termos gerais, são comuns a todos. o que varia são as configurações, as combinações diversas dessas qualidades nos indivíduos. então afirma:
But the qualities themselves are common currency. It would make no more sense to claim that only I could be insanely jealous than it would to call the coin in my pocket a dime even though nobody else did. Chaucer and Pope would no doubt have taken this for granted, though Oscar Wilde and Allen Ginsberg would problably have not.

mesmo que eu consiga pôr isso em português decente, temo que as referências ao dime na analogia com o ciúme - e até onde as entendi - fiquem meio obscuras: por que contrapor chaucer e pope a wilde e ginsberg, por exemplo? ou os séculos 14 e 17/18 aos séculos  19 e 20? por que ingleses contrapostos a irlandeses e americanos? saberão os leitores que o dime é a moeda americana de dez cents (i.é, já em sistema decimal)? e que só foi cunhada pela primeira vez no finalzinho do século 18 (1796)? que chaucer e pope, além de ingleses, são portanto anteriores à criação do dime? que também existe um dime irlandês (daí a referência ao wilde)? afora que traduzir dime como? e mesmo que eu adaptasse a alguma distinção entre moeda portuguesa e brasileira, por exemplo, ia pôr quem? camões e cláudio willer? deixar dime e então recorrer à tal da nota de pé de página?

o pior é que tenho certeza de que eagleton só se saiu com essa comparação entre ciúme e dime porque na frase anterior tinha usado metaforicamente a expressão "common currency" para falar das qualidades e traços de personalidade, e aí seguiu no embalo. ou seja, muita dor de cabeça pra pouca coisa, é a sensação que tenho na hora de tentar entender e traduzir essa passagem.